terça-feira, 13 de outubro de 2015

Outros amarão as coisas que eu amei


Por razões pragmáticas, que se impõem cada vez mais nos últimos anos de vida de andarilho pelo mundo em pedaços repartido, terei de me desfazer de uma boa parte da minha biblioteca pessoal, construída amorosamente ao longo de metade da minha idade terrena que, como disse uma vez Pedro Mexia, é já quase a idade de Cristo. 
No entanto, por razões poéticas, criarei neste espaço virtual, nesta nuvem, uma espécie de mural em sua memória, intitulado Bibliocosmo, alimentando-o consoante as minhas forças, o meu jeito e o meu tempo.
Esta biblioteca é realmente uma parte do que fui e sou, mas sobretudo é, e continuará a ser em devir, um sonho, o que sonhei e continuo a sonhar ser.
É uma história, uma memória, e um sonho.
Um homem sem memória - boa e má - é um homem sem identidade, e um homem sem sonho - bom e mau - é um homem sem devir.
Claro que continuarei a sonhar, sob os desígnios de Deus amigo e misericordioso, e continuarei a construir e desconstruir outras microbibliotecas por este cosmos.
Mas deixarei agora uma história.
De facto, esta é e quer ser uma história, uma memória, mas também um sonho.
Gosto muito da frase de João Bénard da Costa, que também está no arquivo: outros amarão as coisas que eu amei.
Outros amarão esta biblioteca que agora começará a ser pelo mundo em pedaços repartida.